quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dilma e Serra até hoje sem Programas de Governo

Pode parecer piada de mau gosto, mas não é. É simplesmente vergonhoso para o nosso país saber que faltando pouco mais de 15 dias para a eleição final ao cargo de presidente da república, nem o PT de Dilma Rousseff nem o PSDB de José Serra tem seus programas de governos definitivos e apresentados oficialmente a nossa nação. A coligação que apóia a candidata Dilma apresentou ontem 13 compromissos da petista para o seu possível governo. O esboço do programa de governo do PT está previsto para ser divulgado no próximo dia 28 (dois dias antes das eleições no segundo-turno). O PSDB de Serra também procrastinou nessa obrigação e só divulgou hoje um esboço de um documento também capenga, cheio de boas vontades escritas, mas vazio de propostas reais. Pelo visto, se um destes candidatos tivesse sido eleito no primeiro turno, ganharia as eleições sem ter um programa governo, conforme determina as orientações do STF (Supremo Tribunal Federal). Em outras palavras, o PT e o PSDB zombaram das exigências formais do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e deram poucas importâncias para o futuro do Brasil. Nos lugares de programas de governos, os candidatos desses partidos registraram transcrições de discursos e a atas de reuniões partidárias. Documentos sem fundamentos ideológicos, sem diretrizes, sem planos, sem metas. Exatamente como Lula governa o Brasil e Serra governou o Estado de São Paulo.

Nos Estados Unidos, Europa e em parte da Ásia o programa de governo é estabelecido antes das escolhas dos candidatos. Nos países desses continentes o programa de governo não é uma cartilha, mas sim, um documento regulatório de compromisso de eleição. Nessas nações quem for eleito e não cumprir o que estabelece o seu programa de governo, normalmente perde o cargo. Já em Pindorama, as coisas são feitas ‘a torto e a direita’, e os próprios órgãos de superiores instâncias das leis aceitam cegamente porfias dessas naturezas.

Sem um programa de governo, os governantes navegam conforme os ventos das ocasiões e por conta isso, se coligam com adversários mortais, fazem conchavos com representantes de satanás e em nome da tal governabilidade rasgam seus tênues princípios éticos e se aliam às fichas sujas, mãos sujas, mentes sujas, gente sem caráter. Coisas comuns na política tupiniquim.

Serra e Dilma disseram em uníssonos cinismos que os seus partidos estão ainda elaborando os seus programas de governo. Isso é uma falta de respeito para com o eleitor. Pelo visto eles e seus partidos não tiveram tempo para tal empreitada. Se eleitos, por certo governaram o Brasil do mesmo jeito que fez Lula, aportado da sorte e da felicidade do momento. O atual presidente brasileiro sabe que se aplicasse 10% do seu programa de governo não teria sido reeleito. Em nome do poder Lula se esqueceu até do que prometeu no dia da sua primeira posse e fez as mesmas coisas que FHC fizera no mesmo intuito. Hoje, na propaganda eleitoral do PT Lula é apresentado com o enviado de Deus e FHC como representante carnal do diabo. Na propaganda do PSDB os papeis simplesmente se invertem, mas tem as mesmas verdades.

Uma nação que delega o seu futuro nas mãos de quem não tem um programa de governo, não pode ser um país sério. Charles de Gaulle tinha realmente razão quando disseLe Brésil n'est pas um pays sérieux". O estadista francês fez profecia. O TSE fez ouvido de mercador. E o eleitor, o que há de fazer?