domingo, 10 de outubro de 2010

Dilma Aborta Collor e Serra exorciza FHC

Por Roberto Carlos Rodrigues

Em prol das suas eleições, os políticos brasileiros não hesitam em lavar os estatutos dos seus partidos até em água de esgoto, esquecem seus princípios ideológicos e se coligam com qualquer pessoa que lhe garanta votos, indiferentes de ‘como’ se asseguram esses votos. Os inimigos de ontem são amigos de agora. Os amigos com extensas fichas criminais são pedidos para desaparecerem por alguns dias. O PT da candidata Dilma Rousseff tenta a todo custo abortar da sua campanha os ‘personas non gratas’ como o ex-presidente Fernando Collor de Melo e a ex-ministra da Casa Civil Elenice Guerra. Já o PSDB de Serra tenta exorcizar a imagem de partido a favor da privatização incondicional, associada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ao esquema do mensalão mineiro.

As questões sociais mais importantes para serem debatidas nesse segundo turno são esquecidas e por conta disso se desvirtua os focos das campanhas para temas como aborto, religião, ética etc. Enquanto isso a candidata do PT tenta vender a imagem de uma freira caridosa e o candidato do PSDB tenta passar uma imagem de homem-trabalho que resolveu todos os problemas dos lugares onde governou.

Fingem os dois. A cara sorriso de Dilma que se viu na campanha do primeiro turno é uma apresentação de cena para atrair votos. A cara verdadeira de Dilma é aquela que vimos no dia seguinte às eleições do primeiro turno. Aquela Dilma da triste manhã do último dia 04 é a cara da possível presidente do Brasil. José Serra também não é esse puritano que tenta aparecer nas fotos. Serra é tido pelos seus parceiros como arrogante, controlador e principalmente expert em explicações convincentes. Tenta passar uma imagem de intelectual socializado, mas na verdade, lê na mesma cartilha elitista de FHC.

Dilma e Serra são os que sobraram como opções ao cargo de presidentes do Brasil. Mas não são os melhores para governar o nosso país. O eleitor terá de escolher não entre o melhor e o pior, mas sim, no mais convincente. O Brasil, como sempre dependerá mais da sorte do que da capacidade governamental do seu futuro presidente. Como currículo não garante bom governo (Vide FHC e Lula), o nosso país terá pela frente mais um grande desafio que será domar os dragões das pessoalidades dos dois possíveis presidentes da nossa república.

Para o eleitor cabe o lembrete: indiferente de quem ganhe as eleições presidenciais do Brasil, a sua vida pouco mudará. Você continuará no timão da sua existência e terá de ser apenas mais um mero pagador de impostos. Na verdade, com Dilma ou com Serra na presidência, o Brasil continuará igual para os seus filhos. Será como tem sido desde Cabral, um país injusto, desigual e principalmente, explorado pelos mais expertos e oportunistas. Esses, como sempre, vestidos de políticos.