Por Roberto Carlos Rodrigues
Os políticos brasileiros realmente não perdem uma chance de melindrar a ética e em prol das suas eleições fazem qualquer coisa para se elegerem. A briga agora entre Serra e Dilma chega às escadas da basílica de Nossa Senhora da Aparecida, que no próximo dia 12 se festeja a data da padroeira do Brasil e os dois candidatos querem estar lá. O PSDB de Serra já se instalou no local e até divulga a programação do seu candidato capitaneado por Geraldo Alckmin, eleito novo governador do Estado de São Paulo. O arcebispo de Aparecida Dom Raymundo Damasceno criou até um perímetro e disse que ‘somente os políticos da região’ devam participar do evento religioso. É bom que se diga que Serra teve 47% destes votos municipais contra 28% de Dilma Rousseff e 23% de Marina Silva. Pela fala do religioso o PT não é bem quisto por aqueles ares. Como o Partido dos Trabalhadores achou que ia ganhar as eleições de 2010 no primeiro turno, não reservaram a data para uma possível visita de Dilma ao festivo templo católico. Agora, diante das verdades dos fatos, sabe-se que realmente a data favorecerá a imagem de Serra em âmbito nacional.
Dilma e Serra sabem que esse evento religioso tem grande repercussão nacional e que essa oportunidade pode servir para sanar as fissuras e arranhões das suas campanhas, com temas ligados ao aborto e liberdade de expressão e religiosa. Se Dilma, por algum motivo aparecer nessa data confabulando com os grupos evangélicos, por exemplo, poderá perder votos entre os católicos. Se ficar sem ir a Aparecida nessa data, poderá perder pelo menos visibilidade.
A cúpula política da campanha de Dilma, agora coordenada pelo camaleão político cearense o deputado federal Ciro Gomes, tenta reverter a situação no Interior Paulista e arrumar um ‘lugarzinho’ para Dilma e Lula no evento da comemoração da padroeira do Brasil. Até Ciro, que já foi ex-seminarista e oposicionista ferrenho da candidata do PT promete beijar os pés da santa e fazer uma promessa particular em prol de garantir uma vaga num dos ministérios do possível governo de Dilma.
O presidente Lula, pelo jeito, não vai comparecer a esse evento religioso ao lado de Dilma. Ele precisará de repouso, pois a sua pressão arterial e suas convicções eleitorais tem lhe dado muitos sustos ultimamente. José Dirceu, Antônio Paloci e José Genuíno, por esses dias não querem aparecer por perto da candidata presidencial do PT. Não é nada pessoal, é por questão de prevenção de osmose de caráter.
