terça-feira, 5 de outubro de 2010

A Eleição só Termina Quando Acaba

Por Roberto Carlos Rodrigues

A omelete da vitória do PT no primeiro turno das eleições de 2010 foi adiada para ser servida no próximo dia 31 deste mês. A tão propagada festa marcada para hoje a noite não se validou nas urnas e a senhora Dilma Rousseff, - mesmo com o apoio incondicional do todo poderoso presidente Lula -, não conseguiu a maioria dos votos para sentenciar nesta data as eleições presidenciais deste ano. Os confetes e foguetórios ficam guardados. As carreatas da vitória não saíram às ruas. As batucadas foram amornadas e a cor vermelha viva, - símbolo da bandeira partidária do PT -, tende para o roxo, a cor das agonias. Os resultados deste primeiro turno provam que não se pode saborear a omelete sem ter ainda os ovos em mãos e, tendo esses, sem os quebrá-los cuidadosamente. Dilma e o PT terão de se refazerem nesses próximos dias. Serra vai precisar de duas coisas para vencer esse segundo turno: dos votos de Marina Silva e de mais um escândalo político envolvendo a cúpula do PT e seus meninos traquinos.

Com os resultados das urnas de hoje, os institutos de pesquisas brasileiros ficam mais uma vez desacreditados e envoltos de possíveis clientelismos dos que financiam as suas pesquisas, agora comprovadamente inexatas e tendenciosas. Não é a primeira vez que isso ocorre. Esses institutos ‘pesquiseiros’ precisam ser auditados com mais rigor e punidos com seus erros tendenciosos. O eleitor mais uma vez prova que o que diz nas pesquisas não faz exatamente nas urnas.

Já o quadro político nacional mostra um verdadeiro amadurecimento do eleitor brasileiro que mesmo diante de fortes apelos politiqueiros de lideres populistas, prefere polarizar os seus votos e mostrar que há outros grupos de formadores de opinião.

O PT e Dilma terão poucos dias para conquistar novos eleitores, pois quem não votou nela no primeiro turno, provavelmente não votará no segundo turno. Ou seja, esses números d’agora são exatos eleitores de Dilma. Para vencer no segundo turno, a candidata do presidente Lula precisará contar com as perdas de votos do seu adversário direto ou o não transbordo total de votos de Marina Silva para José Serra. Para o PT o desafio é grande, mas não é impossível.

Pelo visto Lula realmente tem prestígio político em todo o nosso país. Porém, a sua candidata, mesmo á sua sombra diuturna, não consegue esmerilhar esse brilho nem refletir o carisma do seu mentor político. O segundo turno nas eleições de 2010 é um pequeno exemplo do que é o mundo político brasileiro. Onde o certo de hoje torna-se o incerto amanhã. Dilma era dada há poucos dias como eleita certa nesta data. Agora sabe que a voz das urnas é melhor do que os cantos das pesquisas eleitorais. Essas eleições presidenciais brasileiras provam que política não é uma caixa de surpresa. É a própria surpresa.

Agora ninguém vai cantar doces vitórias antes da hora, como vimos em diversas oportunidades nessa eleição com o oba-oba do ‘já ganhou’ do PT. Hoje pela manhã, o próprio Lula, que até ontem era o estopim da farra do ‘já ganhou’, moderou a fala e tristemente considerou a possibilidade do segundo turno. Como sempre, ele se sai bem até de derrotas.

Se o PT quiser ganhar facilmente esse segundo turno precisará mais do que nunca de Marina Silva e dos votos dos seus eleitores. Como a nobre senadora do PV foi convidada a se retirar da sigla petista, provavelmente esse apoio não ocorrerá. Por questões de oposições, a tendência natural é Marina apoiar Serra. Serra é hoje mais verdista do que nunca.

Vimos hoje que em política tudo é incerto e às vezes até perigoso. Do mesmo jeito que é fazer omeletes. O bom é seguir o bom conselho da vovó e quebrar os ovos com bastantes cuidados, pois nunca se sabe ao certo o que se tem dentro dele. Ovos e urnas trazem dentro de si grandes surpresas.

Nota: o artigo que eu já tinha escrito sobre a vitória de Dilma no primeiro turno, fica guardado para o próximo dia 31. Até lá terei também de escrever outro artigo. Desta vez descrevendo os desafios para José Serra, se ele for eleito presidente do Brasil. Como a eleição só termina quando acaba, vamos esperar o fim definitivo para não incorremos nos erros dos que festejaram ontem, sem saber das surpresas de hoje.

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