sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A CPMF vem aí! Anuncia Dilma

A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff já avisou que ressuscitará no próximo ano a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). O imposto foi extinto em 2007 e até hoje serve de discurso de mágoa para o presidente Lula que diz que foi traído no Congresso Nacional. Dilma, sabidamente, avisou que vai colocar o seu batalhão de governadores e aliados para brigar pela volta do imposto que foi criado pelo governo de FHC. Naquela época o PT foi contra a criação de mais um imposto e utilizou esse argumento como mecanismo da campanha eleitoral do então candidato Lula. Agora a presidente eleita do Brasil diz que para resolver os sérios problemas de saúde pública do nosso país precisará dos bilhões de reais da CPMF. Agindo assim ela faz as mesmas coisas que fizeram os governos de FHC e Lula. Ou seja, ela se torna cópia de um e rascunho do outro.

O problema do Brasil não é a falta de impostos ou recursos financeiros. O impostômetro recentemente atingiu a marca de um trilhão e mesmo assim temos problemas sociais que não foram resolvidos há décadas. A volta da CPMF só vai ajudar na composição de impostos do governo que muito bem sabe gastar mau o dinheiro da nação. O problema da saúde no Brasil não se resolve com mais um imposto, mas sim com gerência. Coisa que falta em muitos dos escalões do Ministério da Saúde (MS).

Eu atuo como analista de negócios médicos há mais de 15 anos e sei muito bem o que falo sobre esse tema. A situação da saúde pública em nosso país é vergonhosa e infelizmente, os problemas estão desde os lastimáveis honorários médicos pagos até os investimentos impróprios e cheios de superfaturamentos. Países como a Austrália e o Chile têm sistemas de saúde público muitos melhores que o atual modelo brasileiro. Esses países investem apenas 64% per capita do que o Brasil faz atualmente e tem modelos de saúde pública de alta qualidade. Isso comprova que não é mais um imposto que resolve essa situação, mas sim, competente administração técnica. Coisa que o Ministério da Saúde infelizmente não tem.

Atualmente o MS tem um orçamento anual de 66,9 bilhões de reais e mesmo assim não consegue oferecer serviços médicos de qualidade. A quantidade anual de atendimentos do SUS chega a 28 milhões de brasileiros, o que perfaz um valor por indivíduo de R$ 2.389,00 por ano. Se esse valor fosse repassado para essas pessoas elas poderiam muito bem pagar um plano de saúde com os seus R$ 199,08 mensais. É bom que se diga ainda que a média mensal dos valores de seguridades de planos de saúde privados do Brasil é de R$ 126,00 e que esses serviços médicos são muitos melhores que o do SUS.

Se a senhora Dilma quiser resolver realmente o problema da saúde pública em nosso país, não precisa ir longe não. Basta somente visitar os hospitais privados brasileiros, que em sua maioria esmagadora dá lucro, e comparar esses serviços com os serviços públicos.

O SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia em Saúde demonstrou no início desse ano que o SUS gasta em média R$ 671,00 por internação / dia. Enquanto os hospitais privados gastam nesse mesmo item e período apenas R$ 462,00. Por ai se ver que não é falta de recursos mais sim de gente que saiba gerir esses recursos financeiros.

Se Dilma quer realmente fazer algo pela saúde do nosso país, ela terá de mexer no vespeiro que é o MS, órgão quase que totalmente ocupado por apadrinhados políticos. Local onde quem faz relatórios estatísticos ganha mais de 20 mil reais por mês. Enquanto isso o médico que atende em postos de saúde e hospitais recebem em média R$ 6,12 por consulta médica. Esse mesmo procedimento na rede privada se paga em média nacional o valor de R$ 38,42.

Provavelmente a nova CPMF deve ser aprovada e aplicada no Brasil. Contudo, o problema da saúde pública em nosso país vai continuar matando muita gente. Como sempre e praxe, as vítimas serão os mais pobres.